CASTANHA DO CARRILHO

UMA VIAGEM PELO SABOR

O nome da capital sergipana, Aracaju, tem origem no termo tupi "arákaîu", que significa "cajueiro das araras ou dos papagaios". Isso se deve ao fato de que a primeira rua da cidade contava com cajueiros em toda a sua extensão.

Sergipe é, até hoje, conhecido por muitos como terra do caju, mas infelizmente nossas terras têm cada vez menos cajueiros. Mesmo assim, o estado possui uma grande produção de castanha torrada, sendo o povoado Carrilho, de Itabaiana, localizada a 50 km da Aracaju, o maior beneficiador do produto em Sergipe. As castanhas torradas na comunidade vêm de estados vizinhos, como Bahia, Piauí e Ceará, por meio de atravessadores.

A tradição de torrar castanhas está presente na vida de muitos sergipanos, bastando apenas algumas castanhas secas, uma bacia ou lata de alumínio velha e fogo para apreciar essa iguaria.

INÍCIO

A produção artesanal é o diferencial da castanha do Carrilo.
Ao entrar no povoado, somos envolvidos pela fumaça e pelo aroma da castanha torrada, que despertam nossa expectativa para saborear o fruto.  É uma experiência fora do comum, unindo a tradição local à promessa de um prazer culinário incomparável. No Carrilho, além da produção doméstica há uma cooperativa de beneficiamento, fundada em 2013 e que teve papel importante na eliminação do trabalho infantil ligado à torra da castanha.

1º - A TORRA DA CASTANHA

Na Cooperativa de beneficiamento de castanhas do Carrilho, a casca da castanha é usada como combustível, o que reduz o uso da madeira e garante um maior aproveitamento do fruto do cajueiro. Outra curiosidade da produção da cooperativa é que as chamas da torra não são apagadas com água, mas com a própria cinza resultante de outras torras, criando uma maneira única de lidar com o fogo.

2° - A QUEBRA

O silêncio é raro em uma comunidade imersa no constante barulho da quebra das castanhas, onde cada gesto é cuidadosamente calculado para preservar sua integridade, isso porque castanhas inteiras são mais valiosas. As castanhas quebradas são isoladas e vendidas por um preço mais baixo.
No momento da quebra dá aquela vontade de comer nem que seja uma, então é só colocar mais um pouquinho de força e... lá está ela quebrada. Uma não vai fazer muita falta não é mesmo?

3° - RASPAGEM

Após o processo da quebra, a castanha passa por um cuidado especial, quase como uma “limpeza de pele". O trabalho é feito, frequentemente, pelas mãos habilidosas das mulheres que se sentam nas calçadas para realizar essa tarefa. O objetivo é tirar a pele fina que tem sabor amargo. Esse trabalho delicado é fundamental no beneficiamento da castanha, mostrando habilidade e dedicação, elementos que realçam o sabor característico da castanha do Carrilho.

- EMPACOTAMENTO

Achou que acabou ? Ainda não!
Depois de todo esse processo, a castanha passa por uma triagem final em que é catada, separada, pesada e ensacada. Se a castanha for vendida doce, salgada ou apimentada, cabem ainda outros processos, tudo para deixá-la, pronta para viajar por Sergipe, pelo Nordeste e pelo Brasil. A castanha do Carrilho, processada em um pequeno povoado de Itabaiana, é conhecida nacionalmente. E não fica por aí...em 2020 foi considerada a melhor castanha torrada do país.

- COMERCIALIZAÇÃO

A iguaria é comercializada por todo o estado, sendo vendida nas praias e no Mercado do Augusto Franco.
Na cooperativa, as castanhas são comercializadas em embalagens personalizadas, que procuram elevar o valor agregado do produto.

Para mais informação sobre a castanha do Carrilho escute nossos podcasts:
castanha, torra e tradição #1,

Para mais informação sobre a castanha do Carrilho escute nossos podcasts:
castanha, torra e tradição #2

Fotos: Mavi Pereira
Texto: Milânia Ribeiro
Edição de texto: Carol Izidoro
Edição de visualidade: Thaisy Santa Rosa e Milânia Ribeiro
supervisão: Demétrio Soster, Michele Tavares e Liliane Feitoza